quarta-feira, 16 de março de 2011

BARROCO - aspectos literários [revisão]


Antes de qualquer coisa, passo a palavra ao professor Evandro Miranda Rios, que faz uma revisão muito precisa e global sobre o Barroco em seus aspectos históricos e estéticos.


O período histórico tão controverso e tão devastador é exageradamente marcado por extravagâncias. Quando tenho que expressar algo exagerado, evito a hipérbole e digo logo que sou assim meio Barroco.


Gregório de Matos, grande poeta baiano, fez críticas, falou de amor e até do inevitável tema da época: a religião. Lutero tinha feito uma baita reviravolta com a reforma protestante. A igreja católica em resposta, a contra-reforma. A Gregório ficou o apelido nada sutil pra enquadrá-lo nesse exagero todo: Boca do inferno.

Ele não poupava nem os governantes...

“A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.”

Vivaldi com todo o seu talento fez “four seasons” ou as quatro estações, que certamente, vieram muito antes de Sandy e Junior, e muito mais talentoso e expressivo, podem ter certeza. A Professora Suzane deve postar depois e explicar melhor como esses exageros vão aparecer na música. Mesmo assim cabe a apreciação. Tente perceber os conflitos temáticos.


Por favor, ignorem a cara da japonesa que pouco nos interessa no momento.

Na literatura teremos uma linguagem truncada e erudita. Repleta de inversões sintáticas e de figuras de linguagem. Encontraremos textos classificados como: conceptistas e cultistas. O cultismo é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras. Já o conceptismo é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. O cultismo apresenta um eruditismo maior, já o conceptismo tem um fundo mais didático. Como exemplo deste último podemos citar os sermões do Padre Antonio Vieira, que certamente queria maior aceitação, por isso escolhia uma linguagem menos erudita.

Como o assunto é vasto e os extremos Barrocos desafiam nosso senso estético termino esta minha postagem com um poema do Gregório que quase que justifica o apelido tão ácido.

"Provo a conjetura já,
prontamente como um brinco:
Bahia tem letras cinco
que são B-A-H-I-A:
logo ninguém me dirá
que dous ff chega a ter,
pois nenhum contém sequer,
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
um furtar, outro foder."




Fabrício G. Pacheco
Professor de Literatura e Redação

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